Orixá Exu ou Elegbará História e Características, O panteão africano-brasileiro é riquíssimo, repleto de divindades que refletem a complexidade da vida. Entre essas entidades, Exu destaca-se como uma figura fascinante e multifacetada. Este artigo mergulhará na história, características e influências do Orixá Exu, explorando desde suas representações até rituais associados a essa poderosa divindade.
Quem é o Orixá Exu:
Exu é um dos Orixás mais controversos e, ao mesmo tempo, essenciais na mitologia Yoruba. Ele é o mensageiro divino, o guardião dos caminhos, e detentor das chaves entre os mundos espiritual e material. Sua energia é dual, representando tanto o positivo quanto o desafiador, simbolizando a encruzilhada da vida.
Características dos Filhos de Exu:
Aqueles que têm Exu como Orixá de cabeça são conhecidos por sua comunicação eloquente, sagacidade, e uma habilidade única de lidar com situações complexas. São indivíduos dinâmicos, muitas vezes carismáticos, mas também desafiadores.
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Axé Apaoká
Arquétipos de Exu:
Exu é retratado em diversos arquétipos, desde o Exu Tranca-Rua, protetor dos lares, até o Exu Caveira, ligado ao culto aos mortos. Cada arquétipo representa uma faceta diferente da energia de Exu, proporcionando uma compreensão mais completa dessa divindade.
Dia do Orixá Exu:
A quarta-feira é consagrada a Exu. Esse dia é dedicado a rituais e oferendas que buscam a proteção e a sabedoria do Orixá. É um momento de conexão especial com a energia vibrante de Exu.
Sincretismo Católico do Orixá Exu:
No sincretismo religioso brasileiro, Exu muitas vezes é associado a Santo Antônio ou Santo Expedito. Essas sincretizações destacam como as tradições africanas se mesclaram com as práticas católicas durante o período colonial.
Cores, Símbolos e Elementos de Exu:
As cores vermelha e preta estão associadas a Exu, representando paixão e mistério. Seus símbolos incluem chaves e tridentes. O fogo e a fumaça são elementos ligados a Exu, refletindo sua natureza ardente e sua conexão com o sagrado.
Domínios de Exu:
Exu é o guardião dos caminhos, sendo invocado para abrir ou fechar portas energéticas. Ele influencia nos aspectos da comunicação, sexualidade, e na superação de obstáculos. Seus domínios são amplos e cruciais para o equilíbrio do universo.
Saudação a Exu:
“Abaixo deu, acima deu, Exu mojubá!” – Essa saudação reverencia Exu, reconhecendo sua posição única como mensageiro divino.
Qualidades de Exu:
Exu é manifestado em várias qualidades, cada uma representando uma faceta específica de sua personalidade. Suas passagens nas lendas yorubas revelam sua astúcia, coragem e sua influência crucial nos destinos.
- Exú Yangui: a laterita vermelha, é a sua múltipla forma mais importante e que lhe confere a qualidade de Imolê ou divindade nos ritos da criação. Exú ligado a antigas e grandes sacerdotizas de Oxun.
- Exú Agbà: o ancestral, epíteto referente à sua antiguidade.
- Exú Igbá ketá: o exú da terceira cabaça
- Exú Okòtò: o exú do carocol, o infinito.
- Exú Oba Babá Exú: o rei pai de todos os Exús
- Exú Odàrà: o senhor da felicidade ligado a Orinxa’Lá
- Exú Òsíjè: o mensageiro divino
- Exú Elérù: o Senhor do carrego ritual.
- Exú Enú Gbáríjo: a boca coletiva dos Orixás.
- Exú Elegbárà: o senhor do poder mágico
- Exú Bárà: o senhor do corpo
Exú L’Onan: o Senhor dos caminhos - Exú Ol’Obé: o senhor da Faca
- Exú El’Ébo: o Senhor das oferendas
- Exú Alàfìá: o Senhor sa satisfação Pessoal
- Exú Oduso: o Senhor que vigia os Odús.
- Exú Akesan: acompanha Oxumaré, etc
- Exú Jelu ou Ijelu: acompanha Osolufun.
- Exú Ína: responsável pela cerimónia do Ipade regulamentando o ritual.
- ExúÒnan: acompanha Oxun, Oyá , Ogun, responsável pela porteira do Ketu.
- Exú Ajonan: tinha o seu culto forte na antiga região Ijesa.
- Exú Lálú: acompanha Odé, Ogun, Oxalá, etc
- Exú Igbárábò: acompanha Yemanjá, Xangô, etc
- Exú Tìrírí: acompanha Ogun
- Exú Fokí ou Bàra Tòkí: acompanha Oyá e vários orixás
- Exú:Lajìkí ou Bára Lajìkí: acompanha Ogun, Oyá e as porteiras.
- Exú Sìjídì: acompanha Omolú, Nanã, etc
- Exú Langìrí: a companha Osogiyan
- Exú Álè: acompanha Omolú
- Exú Àlákètú: acompanha Oxóssi
- Exú Òrò: acompanha Odé, Logun
- Exú Tòpá/Eruè: acompanha Ossayin
- Exú Aríjídì: acompanha Oxun
- Exú Asanà: acompanha Oxun
- Exú L’Okè: acompanha Obá
- Exú Ijedé: acompanha Logun
- Exú Jinà: acompanha Oxumarè
- Exú Íjenà: acompanha Ewá
- Exú Jeresú: acompanha Obaluaiye
- Exú Irokô; acompanha Iroko
- Exú Odará: acompanha Oxalá, Odé, encaminha o carrego do Ebó
Oferendas a Exu:
Oferecer pimenta, cachaça, e carne vermelha são comuns nos rituais dedicados a Exu. Essas oferendas buscam apaziguar sua energia e fortalecer a conexão entre os mundos.
Oriki de Exu:
Oriki são cantos que louvam os Orixás. O Oriki de Exu é uma expressão poética que exalta suas virtudes e poderes, conectando-se espiritualmente com sua energia.
Èsù òta Òrìsà.
Osétùrá ni oruko bàbá mò ó.
Alágogo Ìjà ni orúko ìyá npè é,
Èsù Òdàrà, omokùnrin Ìdólófin,
O lé sónsó sí orí esè elésè
Kò je, kò jé kí eni nje gbé mì,
A kìì lówó láì mú ti Èsù kúrò,
A kìì lóyò láì mú ti Èsù kúrò,
Asòntún se òsì láì ní ítijú,
Èsù àpáta sómo olómo lénu,
O fi okúta dípò iyò.
Lóògemo òrun, a nla kálù,
Pàápa-wàrá, a túká máse sà,
Èsù máse mí, omo elòmíràn ni o se.
Èsù, o orixás da pedra.
Osétùrá é o nome pelo qual você é chamado por seu pai.
Alágogo Ìjà é o nome pelo qual você é chamado por sua mãe.
Èsù Òdàrà, o homem forte de ìdólófin,
Èsù, que senta no pé dos outros.
Que não come e não permite a quem está comendo que engula o alimento.
Quem tem dinheiro, reserva para Èsù a sua parte,
Quem tem felicidade, reserva para a Èsù sua parte.
Èsù, que joga nos dois times sem constrangimento.
Èsù, que faz uma pessoa falar coisas que não deseja.
Èsù, que usa pedra em vez de sal.
Èsù, o indulgente filho de Deus, cuja grandeza se manifesta em toda parte.
Èsù, apressado, inesperado, que quebra em fragmentos que não
se poderá juntar novamente,
Èsù, não me manipule, manipule outra pessoa.
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Axé Apaoká
Lendas do Orixá Exu:
1º Exu vinga-se e exige o privilégio das primeiras homenagens
Exu era o irmão mais novo de Ogum, Odé e outros orixás.Era tão turbulento criava tanta confusão que um dia o rei já não suportando sua malfazeja índole, resolveu castigá-lo com severidade. Para impedir que fosse aprisionado, os irmãos o aconselharam a deixar o país. Mas enquanto Exu estava no exílio, seus irmãos continuavam a receber festa e louvações. Exu não era mais lembrado, ninguém tinha notícias de seu paradeiro. Então, usando mil disfarces, Exu visitava seu país, rondando, nos dias de festa, as portas dos velhos santuários.
Mas ninguém o reconhecia assim disfarçado e nenhum alimento lhe era ofertado. Vingou-se ele, semeando sobre o reino toda a sorte de desassossego, desgraça e confusão.Assim o rei decidiu proibir todas as atividades religiosas, até que descobrissem as causas desses males. Então os babalorixás reuniram-se em comitiva e foram consultar um babalaô que residia nas portas da cidade. O babalaô jogou os búzios e Exu foi quem falou no jogo. Disse nos odus que tinha sido esquecido por todos. Que exigia receber sacrifícios antes do demais e que fossem para ele os primeiros cânticos cerimoniais. O babalaô jogou os búzios e disse que oferecessem um bode e sete galos a Exu.
Os babalorixás caçoaram do babalaô, não deram a menor importância às suas recomendações e ficaram por ali sentados, cantando e rindo dele. Quando quiseram levantar-se para ir embora, estavam grudados nas cadeiras. Sim era mais uma das ofensas de Exu!
O babalaô então pôs a mão no ombro de cada um e todos puderam levantar-se livremente. Disse a eles que fizessem como fazia ele próprio: que o primeiro sacrifício fosse para acalmar Exu. Assim convencidos, foi o que fizeram os pais e mães-de-santo, naquele dia e sempre desde então.
Notas bibliográficas
Mitologia dos Orixás – Reginaldo Prandi – 2001
2º Exu atrapalha-se com as palavras
No começo dos tempos estava tudo em formação, lentamente os modos de vida na Terra forma sendo organizados, mas havia muito a ser feito.
Toda vez que Orunmilá vinha do Orum para ver as coisas do Aiê, era interrogado pelos orixás, humanos e animais, ainda não fora determinado qual o lugar para cada criatura e Orunmilá ocupou-se dessa tarefa.
Exu propôs que todos os problemas fossem resolvidos ordenadamente, ele sugeriu a Orunmilá que a todo orixá, humano e criatura da floresta fosse apresentada uma questão simples para a qual eles deveriam dar resposta direta, a natureza da resposta individual de cada um determinaria seu destino e seu modo de viver, Orunmilá aceitou a sugestão de Exu.
E assim, de acordo com as respostas que as criaturas davam, elas recebiam um modo de vida de Orunmilá, uma missão, enquanto isso acontecia, Exu, travesso que era, pensava em como poderia confundir Orunmilá.
Orunmilá perguntou a um homem: “Escolhes viver dentro ou fora?”. “Dentro”, o homem respondeu, e Orunmilá decretou que doravante todos os humanos viveriam em casas.
De repente, Orunmilá se dirigiu a Exu: “E tu, Exu? Dentro ou fora?”. Exu levou um susto ao ser chamado repentinamente, ocupado que estava em pensar sobre como passar a perna em Orunmilá, e rápido respondeu: “Ora! Fora, é claro”, mas logo se corrigiu: “Não, pelo contrário, dentro”, Orunmilá entendeu que Exu estava querendo criar confusão, falou pois que agiria conforme a primeira resposta de Exu, disse: “Doravante vais viver fora e não dentro de casa”.
E assim tem sido desde então, Exu vive a céu aberto, na passagem, ou na trilha, ou nos campos, diferentemente das imagens dos outros orixás, que são mantidas dentro das casas e dos templos, toda vez que os humanos fazem uma imagem de Exu ela é mantida fora.
Notas bibliográficas
Mitologia dos Orixás – Reginaldo Prandi – 2001
3º Exu leva aos homens o oráculo de Ifá
Em épocas remotas os deuses passaram fome. Às vezes, por longos períodos, eles não recebiam bastante comida de seus filhos que viviam na Terra. Os deuses cada vez mais se indispunham uns com os outros e lutavam entre si guerras assombrosas. Os descendentes dos deuses não pensavam mais neles e os deuses se perguntavam o que poderiam fazer. Como ser novamente alimentados pelos homens ? Os homens não faziam mais oferendas e os deuses tinham fome. Sem a proteção dos deuses, a desgraça tinha se abatido sobre a Terra e os homens viviam doentes, pobres, infelizes.
Um dia Exu pegou a estrada e foi em busca de solução. Exu foi até Iemanjá em busca de algo que pudesse recuperar a boa vontade dos homens. Iemanjá lhe disse: “Nada conseguirás. Xapanã já tentou afligir os homens com doenças, mas eles não vieram lhe oferecer sacrifícios. Iemanjá disse: “Exu matará todos os homens, mas eles não lhe darão o que comer. Xangô já lançou muitos raios e já matou muitos homens, mas eles nem se preocupam com ele. Então é melhor que procures solução em outra direção. Os homens não tem medo de morrer. Em vez de ameaçá-los com a morte, mostra a eles alguma coisa que seja tão boa que eles sintam vontade de tê-la. E que, para tanto, desejem continuar vivos”.
Exu retornou o seu caminho e foi procurar Orungã. Orungã lhe disse: “Eu sei por que vieste. Os dezesseis deuses tem fome. É preciso dar aos homens alguma coisa de que eles gostem, alguma coisa que os satisfaça.. Eu conheço algo que pode fazer isso. É uma grande coisa que é feita com dezesseis caroços de dendê. Arranja os cocos da palmeira e entenda seu significado. Assim poderás conquistar os homens”.
Exu foi ao local onde havia palmeiras e conseguiu ganhar dos macacos dezesseis cocos. Exu pensou e pensou, mas não atinava no que fazer com eles. Os macacos então lhe disseram: “Exu, não sabes o que fazer com os dezesseis cocos de palmeira? Vai andando pelo mundo e em cada lugar pergunta o que significam esses cocos de palmeira. Deves ir a dezesseis lugares para saber o que significam esses cocos de palmeira. Em cada um desses lugares recolheras dezesseis odus. Recolherás dezesseis histórias, dezesseis oráculos. Cada história tem a sua sabedorias, conselhos que podem ajudar os homens. Vai juntando os odus e ao final de um ano terás aprendido o suficiente. Aprenderás dezesseis vezes dezesseis odus. Então volta para onde moram os deuses. Ensina aos homens o que terás aprendido e os homens irão cuidar de Exu de novo”.
Exu fez o que lhe foi dito e retornou ao Orun, o Céu dos Orixás. Exu mostrou aos deuses os odus que havia aprendido e os deuses disseram: “Isso é muito bom”.Os deuses, então, ensinaram o novo saber aos seus descendentes, os homens. Os homens então puderam saber todos os dias os desígnios dos deuses e os acontecimentos do porvir. Quando jogavam os dezesseis cocos de dendê e interpretavam o odu que eles indicavam, sabiam da grande quantidade de mal que havia no futuro. Eles aprenderam a fazer sacrifícios aos Orixás para afastar os males que os ameaçavam. Eles recomeçavam a sacrificar animais e a cozinhar suas carnes para os deuses. Os Orixás estavam satisfeitos e felizes. Foi assim que Exu trouxe aos homens o Ifá.
Notas bibliográficas
Mitologia dos Orixás – Reginaldo Prandi – 2001
Como Cuidar de Exu:
Cuidar de Exu envolve respeito, rituais regulares, e compreensão de sua natureza dual. Manter seus altares limpos e oferecer as devidas homenagens é essencial.
Número de Exu no Jogo de Búzios:
Exu é representado pelo número 3 no Jogo de Búzios. Esse número é um elo simbólico com a tríade de Exu, destacando sua natureza multifacetada.
curiosidades:
1. Exu é apenas um Orixá negativo?
Não, Exu possui dualidade, representando tanto o positivo quanto o desafiador na vida.
2. Qual é a importância de Exu em rituais?
Exu é invocado para abrir caminhos, facilitar a comunicação espiritual e superar obstáculos.
3. Como evitar conflitos ao lidar com Exu?
Respeitar suas oferendas e rituais é fundamental para manter uma relação harmônica.
4. Qual a relação entre Exu e a sexualidade?
Exu é frequentemente associado à energia sexual, simbolizando a vitalidade e a paixão na vida.
5. Exu tem influência apenas nas questões espirituais?
Não, Exu também influencia aspectos práticos da vida, como comunicação e superação de desafios.
Conclusão:
Exu, com sua energia vibrante e dualidade marcante, é um Orixá fundamental nas tradições africanas e afro-brasileiras. Sua história, características e rituais oferecem uma visão profunda da complexidade dessa divindade, cujo papel vai além da dualidade, abrangendo a totalidade da experiência humana. Ao compreender e respeitar Exu, estabelecemos uma conexão com uma força vital que permeia os cruzamentos da existência.